sábado, 2 de maio de 2020

“Vá e não peques mais”

É famosa a história onde Jesus salvou a prostituta (ou adúltera), dizendo aos que queriam apedrejá-la: “Atire a primeira pedra aquele que não tem pecado!”

Menos lembrado é o desfecho, onde Jesus disse a ela: “Vá e não peques mais!” (João 8:11)

Por que não disse isso aos que buscavam apedrejá-la? “Não pequem mais!”

Os pecados dos outros ele aceitou. Não aceitou que a matassem aquele dia, é verdade, mas aceitou que continuassem pecando. Disse a ela para que não mais pecasse, pois no fundo sabia que não estaria ali todos os dias, para relembrar a turba que não deviam seguir o preceito homicida do patriarca Moisés (João 8:5).

E o final da história? “Jesus morreu para expiar nossos pecados” (Romanos 4:25). É por isso que basta nos arrependermos de nossos pecados, e poderemos assim entrar no Reino dos Céus. Por isso hoje as multidões, sempre tão cristãs, continuam apedrejando putas e travestis, e as prendendo, e com elas os traficantes, os mendigos que não têm onde dormir, os que roubam por um prato de comida. Esses recebem a ira de homens e mulheres, adultos e crianças, pobres e ricos. Que amanhã se arrependerão e serão salvos.

Já os industriários, os rentistas, os bilionários que exploram trabalhadores para acumular sempre mais, a respeito desses, padres e pastores não perdem tempo em nos lembrar das santas palavras do Pai-Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, ó Pai, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mateus 6:12 e Lucas 11:4). É praticamente uma extorsão. O deus mafioso, chefe da milícia, ameaça o crente: “Se você não perdoar os corruptos que o exploram, que roubam remédio dos hospitais, que roubam merenda das escolas, ASSIM COMO espera ser perdoado, adivinha o que te esperará logo ali, depois da esquina da morte, entre o arder das labaredas e o arrastar das correntes?”

Realmente, o cristianismo é de uma doçura candente...

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